ENTÃO, DESEJO SER O BURRINHO...

ENTÃO, DESEJO SER O BURRINHO...
O Chico acabava de ver à publicidade mais um dos belos e úteis livros psicografados pelas suas mãos abençoado-as.
E, além de cartas elogiosas ao seu trabalho, recebia pessoalmente em Pedro Leopoldo e em Belo Horizonte, quando lá comparecia, louvores e mais louvores de confrades e irmãos outros simpáticos ao Espiritismo.
E cada qual lhe citava um fato que mais lhe agradou, realçando o valor do livro neste e naquele aspecto.
O Chico andava atrapalhado em tantos confetes... sobre sua pessoa. E, em casa, sossegado dos aplausos, dizia de si para consigo:____ vou deixar de psicografar, pois sou um verdadeiro ladrão roubando referências honrosas que não me pertencem. Os abraços, os parabéns, os elogios que recebo cabem aos Espíritos de Emmanuel, André Luiz, Néio Lúcio e de outros, que são legitimamente os autores dos livros magníficos. Preciso dar um jeito nisto... Néio Lúcio, que lhe traduzia o pensamento, que lhe verificara os propósitos, sorrindo, lhe aparece e diz:____ Não há razão, Chico, par sentir-se você magoado com os elogios. Também os merece. ____ Não, Néio Lúcio, sinto-me como um ingrato, ladrão, indigno...
____ Bem, Chico, vou contar-lhe uma pequena história: ____ em certo município, dois distritos se defrontavam, separados apenas por pequena distância. Um, com a população quase toda enfermada, sem recurso de espécie alguma. O outro, cheio de vida, víveres, remédios. Apenas faltava um agente intermediário entre os dois.  Ninguém queria servir de ligação, realizar o trabalho socorrista. Foi quando, como mandado do céu, apareceu um burrinho humilde, manso, que , com pouco trabalho, tornou-se "apeado", obediente, capaz de levar, sem ninguém, do distrito rico ao pobre, os recursos de que careciam os irmãos enfermos e sofredores. O burrinho, tendo ao lombo dois jacás, um de cada lado, foi recebendo as dádivas:
Um colocava alimento, outro remédio, mais outro, roupas. Colocavam-no à trilha, e ele, automaticamente, lá ia par o distrito lazarento e faminto. Em pouco, era esvaziada toda a carga e voltava, como fora, alegre, satisfeito por haver cumprido um serviço salvacionista, abençoado, para repetir, noutras vezes, quando necessário, a mesma tarefa cristã...
E, antes que o Néio Lúcio concluísse, o Chico exclamou:
____ Está bem. Néio Lúcio, então, como burrinho aceito o serviço.
E nunca mais se importou com louvores, certo de que agora sabe qual a missão que realiza, entre a terra e o céu, junto à Grande Causa. Lição de humildade, de conhecimento de si mesmo.
Lição para nós todos...
Walter de Carvalho - Extraído de: Gama, Ramiro, in, Lindos Casos de Chico Xavier, Núcleo Espírita Caminheiros do Bem - Editora LAKE, 1978. pág., 105/107

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