SOLILÓQUIO DE UM SUICIDA

SOLILÓQUIO DE UM SUICIDA
[SUICÍDIO! DESASTRADADA E INCONSEQUENTE FUGA!]
Na noite de 7 de março de 1948, encontrava-se com alguns amigos no Alto  do Cruzeiro, em Belo Horizonte. Desse ponto admirável, extenso panorama se descortinava... Noite clara e suave. Um amigo lembrava a prece e o grupo orava. __  Alguém da vida espiritual conosco Chico, Chico? __  interrogou um companheiro do Sul de Minas, depois da oração.
___ Sim, disse o Médium ___ vejo um homem chorando ao seu lado.
__ O nome dele? __ João Guedes. __ Sim, conheci. Era um pobre moço, Poeta, que morreu por suicídio, em minha terra. ___ Desejará alguma coisa? ___ Sim, ele diz que pretende deixar-nos uma lembrança. Alguém traz consigo papel e lápis? Um dos companheiros presentes estende ao Médium o material solicitado. E, apoiado num poste de iluminação pública, Chico escreve o que lhe dita o visitante do Além.
Quando terminou, estava grafada a seguinte poesia:
"Os torvos corações, náufragos de mil vidas,
Distantes de Jesus, que nos salva e aprimora,
Sob o guante da dor, caminham de hora a hora,
Para o inferno abismal das almas consumidas...
Sementeira de pranto, aflições e feridas,
No pecado revel que os  requeima e devora...
Depois, a escuridão da noite sem aurora
E o sarcasmo cruel das ilusões perdidas...
....................................................................
Alma triste que eu trago, ensandecida e errante,
Por que fugistes assim, no milagroso instante?
Por que rogar mais luz, se, estranha, te sublevas?
Ah! Mísera que foste, hesitante e covarde...
Não lamentes em vão, nem soluces tão tarde...
Procuremos Jesus, além de nossas trevas!"
João Guedes
O moço, amigo do Poeta desencarnado, recebeu a página e guardou-a, enxugando as lágrimas.
Walter de Carvalho - Extraído de: Gama, Ramiro, in, Lindos Casos de Chico Xavier, Núcleo Espírita Caminheiros do Bem - Editora LAKE, 1978. pág., 119/120.

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