JUSTIÇA
E DISCURSO
* * *
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque
eles serão consolados". Jesus (Mateus, 5:6).
O
versículo acima é um dos mais importantes do Sermão do Monte. Com
efeito, uma das condições essenciais à vida do homem de bem é ter
"fome e sede de justiça".[Extraído do artigo EQUIDADE À
LUZ DO ESPIRITISMO por Walter de Carvalho]* * *
As
pessoas costumam discursar a respeito da justiça. Em geral, o que
não agrada é tido como injusto. Esse hábito em muito se assemelha
à forma pela qual as crianças veem o mundo. O discurso infantil é
centrado no atendimento dos próprios desejos. Qualquer obstáculo é
visto como indevido.
Essa
infantilidade no modo de perceber o mundo se reflete nos mais
variados contextos.
No
trabalho, o designado para desempenhar uma tarefa árdua ou dar uma
notícia desagradável sente-se injustiçado. Dentre os filhos, se um
precisa devotar mais tempo a pais velhos ou enfermos, a percepção
costuma ser essa. Esse sentir focado no egoísmo também assume
outros contornos. Ganha importância na sociedade a cultura da
indenização. Ao menor transtorno, busca-se responsabilizar o
pretenso causador. Em face de desentendimentos, procura-se colocar
tudo em pratos limpos. É como se ninguém estivesse disposto a
compreender, a contemporizar e a perdoar.
Contudo,
o discurso da busca de justiça muitas vezes disfarça o sentimento
de vingança. No mundo, muitos crimes se praticam sob a justificativa
de se estar fazendo ou buscando justiça. Para quem se afirma
cristão, é imperioso refletir um pouco antes de trilhar esse
caminho. Jesus sempre se posicionou com bastante firmeza. Defendeu a
mulher adúltera, em face de quem queria apedrejá-la.
Sustentou
com vigor que o templo fosse utilizado de forma santa, em vez de se
converter em um mercado. Ele se mantinha vigilante em todos os atos
alusivos à justiça para com os outros. Nunca lhe faltou coragem e
nem capacidade de argumentação. Contudo, quando encaminhado à
cruz, não clamou pela justiça dos homens. Ao assim agir, sinalizou
a grandeza que existe em abdicar das próprias razões, em prol de um
objetivo maior. Por certo, tal atitude não implicou desconsideração
para com o trabalho dos juízes honestos no mundo. Mas estabeleceu um
padrão de prudência para todos os discípulos de seu evangelho.
Quando em pauta interesses alheios, é importante atentar para o
estrito cumprimento dos imperativos legais. Entretanto, quando os
assuntos difíceis e dolorosos envolvem o eu, convém moderar os
impulsos de reivindicação. A visão humana é incompleta para
perceber a extensão dos dramas que se apresentam. Muitas vezes, a
aparente injustiça que se vive representa o resgate de graves
equívocos do passado. É difícil ter certeza quanto à própria
posição perante a vida, considerada nos termos mais vastos de
várias encarnações. Na dúvida, a abstenção de reclamos é uma
medida a ser considerada. Antes de discursar contra qualquer
injustiça pessoal, PENSE NISSO!
Walter de
Carvalho contextualizando de Redação do Momento Espírita, com base
no cap. 18, do livro Missionários da luz, pelo Espírito André
Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Em
24.05.2012.
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