NOSSOS PESOS
Você se sente, em alguns dias, como se carregasse o peso do mundo?
Sente-se excessivamente cansado, atormentado, assoberbado de tarefas?
Talvez seja interessante refletir um pouco a respeito do que o está
deixando tão exausto, quase desencantado da vida.
Conta-se que um conferencista tomou de um copo, nele despejou água e
o ergueu, mostrando para a plateia. Então, lançou a pergunta:
Quanto vocês acham que pesa este copo? As respostas variaram entre
vinte e quinhentos gramas. Bom, completou o conferencista, o peso
real do copo não importa.
O que importa é por quanto tempo eu o segurarei levantado. Se o
segurar por um minuto, tudo bem. Se o segurar durante um dia inteiro,
precisarei de uma ambulância para me socorrer. O peso é o mesmo,
mas quanto mais o seguro, mais pesado ele ficará. Isso quer dizer
que se carregamos nossos pesos o tempo todo, mais cedo ou mais tarde
não seremos mais capazes de continuar.
A carga irá se tornando cada vez mais pesada. É preciso largar o
copo, descansar um pouco, antes de segurá-lo novamente. Temos que
deixar a carga de lado, periodicamente. Isso alivia e nos torna
capazes de continuar. Portanto, antes de você voltar para casa,
deixe o peso do trabalho num canto. Não o carregue para o lar. Você
poderá retomá-lo, no dia seguinte.
* * *
Há sabedoria nas palavras do conferencista. Por isso mesmo, o Sábio
de Nazaré, há mais de dois mil anos recomendou: A cada dia basta
sua própria aflição. Equivale a dizer que devemos saber nos
empenhar em algo que precisa ser feito, que exija todo nosso esforço.
Mas que, depois de um tempo, precisamos relaxar, espairecer, trocar
de tarefa. A lei trabalhista estabelece o cômputo de horas ao
trabalhador. Também o dia do repouso, das férias. Na escola, temos
horários de estudo, intercalados com intervalos. Pensemos, portanto,
e comecemos a agir com sabedoria. Enquanto no trabalho, todo empenho.
Vencidas as horas de esforço mental ou físico, envolvamo-nos em
outra atividade prazerosa.
Busquemos o lar e vivamos, intensamente, com nossos familiares.
Observemos o filho no berço, o outro que ensaia as primeiras letras
no papel. Preocupemo-nos em saber se tudo está bem. Conversemos.
Desanuviemos o cenho, agora é o momento da família. E não
esqueçamos de momentos para a oração, para a boa música, a
leitura nobre, que nos refaça a intimidade, nos descanse a alma.
Vinculemo-nos a um trabalho voluntário. Cultivemos nosso jardim.
Podemos as árvores. Colhamos flores. Despertemos mais cedo e
observemos o nascer do sol. Encantemo-nos com o cair da tarde.
Em suma: vivamos cada momento com todas as nossas energias. Cada
momento, sem levar conosco cargas desnecessárias. Lembremos Jesus: A
cada dia basta sua própria aflição.
Walter de Carvalho contextualizando de "Redação do Momento Espírita", com base no texto "O copo d´água" de
autoria desconhecida. Em 29.05.2012.
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