POR QUE NÃO CHAMO MAIS KARDEC DE "CODIFICADOR" por Dora Incontri (*)

POR QUE NÃO CHAMO MAIS KARDEC DE "CODIFICADOR" por Dora Incontri (*)

LEIAM COM ATENÇÃO:PUBLICADO ONTEM NO FÓRUM ESPÍRITA.

NOTA de Walter de Carvalho * BREVE SÍNTESE: O professor Denizard Hippolyte Léon Rivail, com o pseudônimo de Allan Kardec, nasceu em 3 de outubro de 1804. De uma família de advogados e magistrados, se dedicou às ciências e a filosofia. Substituiu o mestre Pestallozzi em Yverdun [Suiça]. Bacharelou-se em letras e ciências  e doutorou-se em medicina. Como linguista, falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano, o espanhol e tinha conhecimentos do holandez. Antes de publicar suas pesquisas com o nome Filosofia Espiritualista [depois denominado de Livro dos Espíritos], publicou o Curso Prático e Teórico de Aritmética em 1829, a Gramática Francesa Clássica em 1831, O Manual dos Exames para Obtenção dos Diplomas de Capacidade em 1846, O Catecismo Gramatical da Lingua Francesa em 1848 e por fim , já em 1849 como professor no Liceu Polimático, lecionou as cadeiras de Fisiologia, Astronomia, Quimica e Física. Para resumir seu trabalho publica Ditados, como os normais dos Exames na Minicipalidade e na Sorbone e os Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas. A partir de 1854 dedica-se ao estudo do Magnetismo e começou a analise dos fenômenos das Mesas Girantes, depois de muito relutar. Em 25 de março de 1855 recebe uma "comunicação" do Espírito Verdade que lhe trasmitiu seu pseudônimo "Allan Kardec". Em 18 de abril de 1857 publicou o primeiro resultado de suas pesquisas e trabalho científico que denominou de FILOSOFIA ESPIRITUALISTA que conhecemos hoje como o Livro dos Espíritos.*                  
Escreve Dora Incontri:
    "Esse termo não aparece em nenhuma obra de Kardec e só se vê o seu uso no Brasil. No dicionário Houaiss, codificar significa: “reunir numa só obra textos, documentos, extratos oriundos de diversas fontes; coligir, compilar”. Ora é exatamente essa a ideia que a maioria dos espíritas tem a respeito do trabalho de Kardec. Há muito tempo, já desde o meu livro “Para entender Allan Kardec”, compreendi que o papel de Kardec no Espiritismo não foi apenas o de compilador, organizador de ideias prontas, vindas dos Espíritos. Essa visão bem típica do movimento espírita brasileiro reduz o Espiritismo a uma revelação acabada, sacralizada, e a função de Kardec a uma espécie de secretário dos Espíritos. Bem diferente é o que ele pensava sobre seu próprio trabalho. Diz ele em Obras Póstumas:
     “Conduzi-me, pois, com os Espíritos, como houvera feito com homens. Para mim, eles foram, do menor ao maior, meios de me informar e não reveladores predestinados.”
     E na Gênese:
     “O homem concorre para a revelação com o seu raciocínio e o seu critério; desde que os Espíritos se limitam a pô-lo no caminho das deduções que ele pode tirar da observação dos fatos. Ora, as manifestações (...) são fatos que o homem estuda para lhes deduzir a lei, auxiliado nesse trabalho por Espíritos de todas as categorias, que, de tal modo, são mais colaboradores seus do que reveladores, no sentido usual do termo.”
     Na verdade, Kardec foi um pesquisador, criador de um método genial que reúne a investigação científica dos fenômenos mediúnicos, com a articulação racional, filosófica e a revelação espiritual. Pela primeira vez na história da humanidade, a revelação é passada pelo crivo científico e a ciência se abeira da espiritualidade com métodos próprios de observação.
     No Brasil, perdemos os critérios de racionalidade e pesquisa que Kardec criou para a análise dos fenômenos mediúnicos e ficamos apenas com a revelação, aceita cegamente. Qualquer coisa que qualquer médium diga ou receba é aceito sem questionamento!
     Portanto, a nossa homenagem a Kardec no dia de hoje é ao grande pesquisador, pensador, fundador do Espiritismo – ainda muito desconhecido, desconsiderado e incompreendido, por não-espíritas e pelos próprios que se dizem seus seguidores. Dora Incontri

(*): Dora Incontri é autora de diversos livros  e artigos espíritas.Tem mais de 40 livros publicados. Destaque-se  sua tese de Doutorado sobre PEDAGOGIA ESPÍRITA. Dora Incontri é sobrinha de J. Herculano Pires o pai da Pedagogia Espírita. Dora Incontri é paulistana, nascida em 1962. Jornalista, educadora e escritora. Suas áreas de atuação são Educação, Filosofia, Espiritualidade, Artes, Espiritismo. Tem mestrado, doutorado e pós-doutorado em Filosofia da Educação pela USP. É sócia-diretora da Editora Comenius e coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita. Coordenadora geral da Universidade Livre Pampédia. Livros sobre Educação, Filosofia, Espiritualidade; livros didáticos; livros psicografados, dentre outros.



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